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Max Perkins: um editor de gênios, de A. Scott Berg – resenha

O interesse em ler a biografia do Max Perkins, surgiu a partir de uma aula que assisti sobre mercado editorial, que é um tópico que me interessa, na qual o palestrante recomendou esse livro. Na mesma semana da aula, acabei me deparando com o livro e comecei a lê-lo. Tinha expectativa de saber mais o que faz um editor de livros.

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O livro foi escrito por A. Scott Berg, que já ganhou o prêmio pulitzer, e começou a pesquisa para este livro em 1971, utilizando cartas escritas e recebidas por Perkins, entrevistando familiares, colegas, analisando os arquivos da Scribiner’s Sons, editora em que o Perkins trabalhou, entre outras fontes. Aqui no Brasil foi publicado pela Intrínseca, em 2014.

O livro começa com uma palestra do Perkins para uma turma de um curso de extensão sobre edição de livros, que a Universidade de Nova York pedira a Kenneth. D. McCORMICK, editor-chefe da Doubleday & Company para ministrar.

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Perkins estudou em Harvard, formou-se com menção honrosa em economia e depois de um tempo conseguiu um trabalho no New York Times e de lá foi para a Charles Scribiner’s Sons, onde trabalharia até a sua morte. Tinha uma pequena deficiência auditiva. Para Cherio, dono do restaurante onde Perkins sempre fazia as suas refeições, Perkins:

Gosta de silêncio. Jamais diz uma palavra a menos que se dirijam a ele. Fala de forma delicada, muito suave, e não se quer perder uma palavra

Já para Wheelock:

Ele não era, em absoluto, amistoso

mas Berg afirma que a rabugice de Perkins se tornou o seu charme.

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Para McCORMICK, Perkins:

inspirava os autores produzindo o melhor que podiam; ajudava-os a estruturar seus livros se necessário; pensava em títulos, inventava tramas, funcionava como psicanalista, conselheiro sentimental, terapaeuta matrimonial, gerenciador de carreiras e até emprestava dinheiro.

Acima de tudo, Perkins acreditava que “o livro pertence ao autor”.
É justamente por todos esses papéis desempenhados por Perkins que o vemos retratados no decorrer desta biografia, na qual vários autores descobertos e revelados por Perkins, são citados, mas que, para mim, se centra mais na relação do Perkins com F. S. Fitzgerald, Thomas Wolfe, o filho que ele nunca teve, e Ernest Hemingway. Relações bastante conturbadas, não apenas no lado profissional, como pessoal.

Perkins sempre se manteve nos bastidores e lutou para não se revelar, sendo chamado por Cowley, crítico literário, de “eminência de chapéu pardo” (Perkins vivia de chapéu). Para Perkins:

“ […] um editor deve ser anônimo. Não tem de ser importante ou assim considerado, pois os escritores é que são importantes em sua vida”.
Uma coisa que me incomodou foi como Perkins se referia à mulheres, embora tenha vivido rodeado por mulheres pois tinha mulher e filhas. Além disso, mantinha um relacionamento por correspondência (durante 25 anos) com Elizabeth Lemmon.

Apesar disso, tinha um comportamento que eu caracterizo como conflituoso em relação às mulheres. Ele escreveu sobre uma autora: “E tantas vezes defendi (como muitos outros) que a mulher era incapaz de entender abstrações […] Mas eu me transformaria de bom grado em um feminista com a minha multidão de meninas.”

Berg dedicou, inclusive, um capítulo só para tratar da relação de Perkins com escritoras com as quais trabalhou e reforçou que o editor “[…] sempre respeitou as mulheres ativas; não as queria apenas de pé sobre as próprias pernas, mas desejava que se aventurassem no mundo”.

Por outro lado, ele reprovava o fato de sua mulher, Louise, escrevesse e encenasse peças de teatro, o que acabou por fazê-la desistir de vez.

No decorrer do livro acompanhamos a criação de grandes obras da literatura americana, bem como conhecemos um pouco sobre os gênios dos escritores dessas obras.

Não temos tantos detalhes assim sobre o trabalho de editor, mas podemos perceber que envolve principalmente, saber lidar com egos, lidar com pessoas, ou seja, inteligência emocional.

Obviamente, conhecimentos sobre literatura e processos ligados a criação de livros, mas talvez, o mais importante, ter o feeling para identificar obras relevantes, mesmo que apenas em seu esqueleto e saber moldá-las e transformar em obras de arte, que é o que Max Perkins fazia.

Esse feeling nem todo mundo tem né?! talvez por isso o Perkins fosse tão procurado. Além disso, quando ele identificava um possível talento, ele lutava por esse autor/ obra com unhas e dentes.

Vale ressaltar que há uma adaptação da obra para o cinema, que é um recorte que trata da relação pessoal e profissional entre Perkins e Wolfe.

\"Adaptação:

O livro é muito relevante para todos que desejam ser escritores, que desejam trabalhar com mercado editorial. Uma obra com muitos detalhes, que traz a magia de uma época que evoca grandes artistas.


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