Como montar uma biblioteca pessoal, por Italo Calvino

Há anos o livro \”Por que ler os clássicos\” de Italo Calvino estava na minha wishlist e eis que agora tenho um exemplar para chamar de meu.

E me chamou a atenção um trecho em que ele sugere como montar uma biblioteca.

Isso me trouxe algumas reflexões e eu quis dividir o que propõe Calvino para que você também possa refletir aí do outro lado.

Mas não posso começar o texto sem mencionar que \”Por que ler os clássicos\” traz em seu texto introdutório, algumas propostas de definição para a questão \”O que é um clássico?\”

No entanto, não vou falar sobre isso hoje, mas deixo uma das definições mais difundidas por aí.

Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. (Calvino, 2007, p. 11)

Então, aqui vou compartilhar a sugestão do Calvino sobre como montar uma biblioteca pessoal.

Ao ler o texto do Calvino e, principalmente, a sua sugestão de como montar uma biblioteca, fiquei pensando sobre a minha própria biblioteca.

Minha biblioteca começou na escola. Alguns livros se perderam. Naquela época, eu ainda não tinha uma conexão com a leitura.

Quando concluí a escola, tive uma fase autoajuda e também de livros espíritas.

Em seguida, foi a fase dos livros teóricos. Os temas da vez eram marketing e comunicação. Logo vieram os livros sobre escrita.

E então, os livros de ficção voltaram para minha vida. Neste ponto, estamos em 2015.

Entrei para o Instagram, achei o meu nicho e isso definiu não apenas a minha biblioteca, como também a minha formação. Foi aí que decidi que cursaria Letras-Inglês.

De lá para cá, participei de feiras de doação de livros. Grande parte da minha biblioteca veio daí. Fiz muitas trocas, doei muitos livros e tenho comprado os livros que estão na minha wishlist.

Ou seja, ao longo do tempo, fui tomando consciência de que tipo de leitora eu sou. Aprendi a escolher quais livros comprar e quando comprar.

Tá, mas você deve estar se perguntando: e o que diz o Calvino sobre montar uma biblioteca?

Bem, Calvino recomenda o seguinte:

\”Só nos resta inventar para cada um de nós uma biblioteca ideal de nossos clássicos; e diria que ela deveria incluir uma metade de livros que já lemos e que contaram para nós, e outra de livros que pretendemos ler e pressupomos possam vir a contar. Separando uma seção a ser preenchida pelas surpresas, as descobertas ocasionais.\” (Calvino, 2007, p. 16)

Para quem ainda não leu \”Por que ler os clássicos\” vou fazer um breve esclarecimento de alguns termos do trecho acima para melhorar o entendimento do que Calvino quis dizer.

Uma biblioteca que contenha nossos clássicos diz respeito a livros que nos definem, que são como que talismãs para nós. Com certeza você tem o seu livro de cabeceira, não é?

Já em relação a ter livros que contaram para nós, ele se refere a livros que contribuíram para a sua formação, que ajudaram a formar a pessoa que somos hoje.

Por outro lado, as surpresas ficam por conta de livros que nos surpreenderam, dos quais tínhamos uma ideia preconcebida, mas que ao lê-los somos surpreendidos.

Acredito que depois da minha história e do que propõe Calvino, fica mais claro entender que a nossa biblioteca diz muito sobre nós.

Ao olhar para ela é possível ver o reflexo de quem e do que somos.

E assim como nós mudamos ao longo do tempo, também a nossa biblioteca vai se transformando, assim como diz Albert Manguel em Encaixotando minha biblioteca.

Assim como nós, a nossa biblioteca está sempre em construção.

O que tem na sua biblioteca? Quem você era ontem e Quem é você hoje?

Alessandra Costa